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Radio Viseu Cidade Viriato

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A crise faz que.....

O dinheiro falta na carteira. Para pagar dívidas (na sua maioria créditos), muitas vezes as famílias cortam na alimentação. Esta é uma realidade que tem vindo a aumentar. Na Cáritas de Viseu, por exemplo, são cada vez mais os pedidos de ajuda. "Há famílias desesperadas que dizem que têm o frigorífico vazio", relata António Borges, presidente da instituição


As situações dramáticas de famílias que estão a passar por dificuldades económicas aumentam e a comprová-lo estão os pedidos de ajuda que diariamente chegam às instituições de apoio social. Estes organismos ajudam "naquilo que podem", essencialmente com bens alimentares e vestuário.
"Há pessoas que chegam aqui a pedir emprestados cinco ou dez euros", exemplificou António Borges, ressalvando que "isto é como pedir esmola", mas de uma forma encapotada. Contou que a instituição que dirige tem ajudado casos pontuais, evitando muitas vezes que as pessoas fiquem sem luz ou sem água. "Ajudamos quando podemos, às vezes até a pagar a renda, porque as receitas também não são muitas", lamentou.
Para quem trabalha no terreno, nomeadamente em ATL's, a realidade também começa a preocupar. Há casos em que se nota que as crianças estão ansiosas para que chegue a hora de comer. "Temos dois ou três casos em que verificamos que os meninos chegam aqui cedo e estão à espera do meio da manhã para o lanche. Ao almoço também pedem sempre para repetir. Eles não estão sub-alimentados, mas leva-nos a suspeitar de que não estão a ser bem alimentados", contou uma técnica de apoio social.
Se a pobreza sempre existiu, actualmente os casos são mais complicados, atingindo pessoas da classe média, aqueles a quem já são chamados de "os novos pobres".
"Temos casais em que ficaram os dois no desemprego e desprotegidos de apoios sociais. Vivem situações aflitivas e temo-los assistido, essencialmente, com géneros alimentares. A roupa e os medicamentos são outros bens que conseguimos oferecer", lembrou António Borges.
"Temos dado a aspirina porque não conseguimos dar o antibiótico", desabafou António Borges, lamentando o facto de nem sempre "se conseguir dar resposta às graves dificuldades que existem".


Gabinete de crise


Face ao aumento do número de pedidos de ajuda que têm chegado, a Cáritas avançou no início deste ano com um gabinete de crise, por forma a dar uma resposta mais eficaz. "Estamos a dar uma atenção muito especial aos flagelos sociais que acarretam problemas que levam à exclusão e conflitualidade social acrescida, com propensão a comportamentos desviantes e marginalizantes de muitos indivíduos", sustentou António Borges.
A título de exemplo, o presidente da Cáritas anunciou que em Março deste ano já chegaram até ao Gabinete 100 pedidos, contra 56 em Fevereiro e 81 em Janeiro. "A tendência é de aumentar", salientou, recordando que no ano passado foram ajudadas 1760 pessoas, enquanto que em 2007 o número ascendeu às 1200.
António Borges destacou ainda o atendimento social que é dado aos imigrantes. "Também nos batem à porta a pedir assistência e apoio para encontrar trabalho ou para se legalizarem", disse.

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