A Segurança Social considerou apta para trabalhar uma mulher de 53 anos apesar do relatório médico do Hospital de S. João, no Porto, atestar que "a doente está dependente de terceiros nas actividades básicas da vida diária".
Maria Lurdes Silva não fala, usa fraldas, depende de familiares e vizinhos para comer, para lavar-se e para vestir-se , mas viu-lhe ser rejeitado, mais uma vez, o pedido de reconhecimento de invalidez permanente, de forma a poder ter direito à reforma.
O JN tinha noticiado o caso, em Janeiro passado, quando a família apresentou o recurso da decisão. Agora, Maria de Lurdes voltou a ser considerada apta para trabalhar.
"É totalmente incompreensível", desabafa, indignado, Paulo Silva. O irmão de Maria de Lurdes nem queria acreditar quando abriu a carta com as conclusões da Junta Médica de recurso: a doente foi considerada apta para trabalhar. O recurso apresentado pela família foi rejeitado, mantendo-se a decisão inicial da Comissão de Verificação de Incapacidade Permanente. A decisão é, no entanto, passível de recurso.
A antiga funcionária de uma fábrica de fiação continua, assim, sem qualquer rendimento. Uma situação que se arrasta desde 2005, quando expirou o prazo do subsídio de doença.
Desde 1999 que Maria de Lurdes foi apresentando sucessivas baixas, por causa de problemas neurológicos graves. Com o passar do tempo, a condição piorou.
Um relatório médico do Hospital de S. João, de Setembro do ano passado, já era claro: "Doente com história de depressão prévia (...) iniciou quadro demencial com cerca de um ano de evolução, com perda progressiva de autonomia, deixando de comunicar, embora reconhecendo os familiares. (...) Doente diz apenas 'sim' e 'não'".
O relatório mais recente, de Fevereiro passado (resultante de uma consulta realizada um dia antes da Junta Médica), confirma: "A doente está actualmente dependente de terceiros nas actividades básicas da vida diária". Mais: a evolução da doença neurológica tem sido "progressiva" e é "irreversível".
Paulo Silva, que acompanhou a irmã, acusa a Junta Médica de não ter levado em consideração aquele diagnóstico.
1 comentário:
É sempre o mesmo: se alguém vai ganhar uns tostões na reforma, tens que trabalhar, mesmo não podendo fisicamente, até teres 100 anos! Agora, se vais ganhar uma fortuna, como os 2 recentes administradores da 'caixa geral de depósitos', que foram para a reforma, devido a 'problemas psicológicos' com valores milionários, já não há problema! Além do mais, estes dois administradores, apesar de terem sido reformados por 'incapacidade psicológica', tal não os impediu, de irem para os quadros do 'bcp'. E o que dizer, da mais alta reforma pública auferida no país, por uma funcionária pública, que acabou os últimos 2 anos de vida activa como acessora,ganhando 8 059 euros(oito mil e cinquenta e nove euros, ou na moeda antiga,1600 contos por mês!) muito além do auferido pelo mais alto cargo da nação (o presidente da república).
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