Parece-se com Júpiter e pode ser estudado durante oito horas de cada vez
Está a 1500 anos-luz da Terra mas parece-se muito com Júpiter e Saturno, os dois gigantes gasosos do sistema solar. Os primeiros dados mostram também que este exoplaneta (ou planeta extra-solar), que os astrónomos baptizaram de Corot-9b, tem temperaturas "amenas", entre os 20 graus Celsius negativos e os 160 positivos. Por isso, e porque ele é de fácil observação, este planeta distante está a ser analisado como nenhum outro foi até agora. Pode tornar-se, por isso, a chave para o conhecimento destes astros longínquos, segundo escreve hoje na Nature a uma equipa de astrónomos.
"O Corot-9b é o primeiro exoplaneta que se parece com planetas do sistema solar", explicou Hans Deeg, do Instituto de Astrofísica das Canárias e o principal autor do estudo, sublinhando que "tal como os nossos planetas gigantes, Júpiter e Saturno, este é essencialmente composto por hidrogénio e hélio".
Claire Moutou, também investigadora do grupo de 60 astrónomos que integra a equipa, adianta ainda que este exoplaneta é "idêntico a dezenas de outros que já se conhecem". Mas, frisa, " este é primeiro que podemos estudar em profundidade". Por isso, diz ela, "ele poderá tornar-se na pedra de Roseta da investigação nesta área".
O Corot-9b foi descoberto pelo observatório espacial Corot em 2008 e tem desde então sido objecto de estudo. Ao contrário da maioria dos gigantes gasosos até agora descobertos fora do sistema solar, este está mais distante da estrela em torno da qual orbita, o que faz dele um planeta temperado, com temperaturas que oscilam entre os tais 20 graus Celsius negativos e 160 positivos.
Na sua órbita, o Corot-9b está 10 vezes mais distante da sua estrela do que os outros exoplanetas até agora identificados graças à observação do seu trânsito diante da estrela. Este método permite detectar a presença de um planeta na órbita de uma estrela, por que, à sua passagem diante dela, ele produz uma diminuição da luz emitida pela estrela.
No caso deste Corot-9b, o facto de ele estar mais distante do que todos os outros que se conheciam até ao momento leva a que a sua passagem diante da estrela seja mais prolongada do qualquer outra. Neste caso, o trânsito dura oito horas no total, o que já é um tempo razoável de observação para o estudo da sua atmosfera. Os astrónomos têm esperança de ali vir a detectar em breve água, metano e dióxido de carbono.
A análise entretanto feita pela equipa "já forneceu informações sobre este exoplanetas e todos os outros deste tipo", comentou Didier Queloz, do Observatório de Genebra e outro dos autores do estudo, notando que "isto pode abrir um novo campo de investigação para compreender as atmosferas deste tipo de planetas".
Diário de Noticias
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