Moradores da Urbanização da Escavadeira estão desesperados com a presença frequente de toxicodependentes.
"Convenceram-me a comprar uma casa no paraíso e, afinal, estou a viver no inferno." O comentário cortante de Isabel Freitas é proferido com a raiva de quem investiu quase 150 mil euros num apartamento na Urbanização da Escavadeira, no Alto do Seixalinho (Barreiro), e agora tem receio de deixar os filhos irem brincar para a rua onde três edifícios inacabados vão dando "guarida" a toxicodependentes e a sem-abrigo, havendo já relatos de assaltos e agressões aos moradores. As imobiliárias apresentam o bairro como "muito sossegado".
Quase paredes meias convivem duas realidades bem distintas, cruzando um bairro novo, com cerca de sete anos, onde não faltam amplas áreas e espaços verdes, e três blocos de apartamentos de sete andares que ficaram por concluir, sendo votados ao abandono. Os "okupas" não tardaram em descobrir o novo refúgio, começando a pernoitar nos imóveis - propriedade privada - e nem o facto de a autarquia ter recentemente mandado emparedar os pisos térreos os impediu de treparem a parede de tijolo para aceder ao interior dos blocos.
"É droga, é álcool a qualquer hora do dia, é gritos de madrugada. Chama-se a polícia e ninguém aparece. Uma vergonha", lamenta Isabel Freitas, que da janela da sua casa aponta para dois dos indivíduos no interior do recinto.
O DN tentou chegar à conversa com ambos, mas responderam que não tinham "nada a dizer" e que estavam ali apenas de "passagem", apesar de ser visível a presença de seringas num dos parapeitos.
"Não se lhes pode chamar a atenção de nada, mesmo quando se estão a drogar aos olhos de todos os moradores, porque insultam e ameaçam as pessoas", testemunha Fátima Guerra, outra moradora, que lamenta, sobretudo, "a falta de protecção policial", denunciando vários casos de assaltos à mão armada, como o que vitimou o vizinho do lado na noite de Natal.
O homem, que pede anonimato, admite não ter feito denúncia por recear represálias. "Eu cruzo- -me com essa gente todos os dias. É claro que tenho medo. Todos sabem o que aqui se passa, pelo que é mesmo falta de vontade para resolver o problema", refere, enquanto Tiago Vinhas, que mora no bairro há quatro anos, revela que já por várias vezes teve de intervir junto dos "okupas" para evitar situações de conflito.
"Eu conheço alguns dos tempos de escola e eles têm-me algum respeito. Mas isto não é vida, porque corremos o risco de um dia ter aqui uma desgraça qualquer", alerta.
Fonte policial admite a existência de várias queixas por parte dos moradores, mas assegura que a fiscalização tem sido regular na Urbanização da Escavadeira, garantindo mesmo que "as coisas têm melhorado". De resto, há vários meses que não há registo de assaltos naquela zona, onde existe até uma escola.
DN
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