Tentou matar a mulher à facada, mas foi ele quem acabou por morrer, vítima de golpes de arma branca. Dois filhos foram em socorro da mãe e fizeram frente ao agressor. Já foram ouvidos pela PJ por suspeita de homicídio.
O caso aconteceu por volta das 21.30 horas de domingo, na Rua de Silvares - um pequeno bairro de casas pequenas habitadas por famílias de poucos recursos -, na freguesia de Moreira de Cónegos, concelho de Guimarães. Fernando Gomes Sousa, de 54 anos, morreu no terraço da casa onde vivia com a mulher e os dois filhos desta, esvaído em sangue e na sequência de golpes de arma branca.
"Quando cheguei a casa, no domingo à noite, ele estava à minha espera, com sinais de ter bebido e armado com uma navalha", contou Maria do Céu, que vivia com a vítima há mais de 10 anos.
A mulher, de 48 anos, funcionária de uma escola do primeiro ciclo do Ensino Básico de Moreira de Cónegos (actualmente de baixa, por ter fracturado uma perna) contou que o marido a ameaçou "de forma dura", com muitos palavrões, enquanto a tentava atingir com uma arma branca.
"Fiquei muito assustada com o estado em que ele estava. Ainda conseguiu cortar-me dois dedos e tinha-me morto se eu não tivesse conseguido libertar-me e gritado", adiantou a mulher.
Os gritos de Maria do Céu, em plena noite de domingo, alarmaram a vizinhança. Uma dessas pessoas, apercebendo-se do que se estava a passar, resolver alertar um dos dois filhos de Maria do Céu. Este, quando chegou ao local, enfrentou o padrasto. "O meu filho deu-lhe um murro, ele caiu no chão e espetou-se na faca. Ele caiu por terra e foi aí, no meio da confusão, que ele foi atingido pela faca", garante Maria do Céu.
A mulher prestou, ontem, declarações na Polícia Judiciária, como testemunha. Os filhos, de 19 e 21 anos, foram ouvidos durante a tarde como alegados suspeitos do homicídio.
Durante as altercações, os vizinhos e os frequentadores de um café nas proximidades, apercebendo-se da intensidade dos desacatos, alertaram a GNR de Lordelo. Quando os militares chegaram ao local, porém, já a vítima jazia por terra, sem vida.
No terraço em frente da pequena casa onde viviam todos - vítima, mulher e os dois filhos desta - eram ainda visíveis as marcas de sangue. Segundo os vizinhos, depois de atingido com a arma branca, a vítima arrastou-se para o exterior, onde veio a desfalecer. O corpo foi removido, horas depois, pelos Bombeiros Voluntários de Vizela para o Gabinete Médico-Legal do Hospital de Guimarães.
Maria do Céu explicou que as discussões com o companheiro eram frequentes, mas reconhece que nunca apresentou queixa junto das autoridades policiais. Apesar de ser considerado "pessoa simpática" no lugar, a vítima teria, segundo vizinhos, "problemas com a bebida", principalmente ao fim-de-semana. "Batia-me várias vezes, tenho as costas todas marcadas e mostrei as marcas à PJ. Agrediu-me com uma fouce de cortar lenha, mas nunca apresentei queixa, com medo", relatou.
As circunstâncias exactas em que ocorreu a situação estão agora sob investigação do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Braga.
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