Dois homens atingiram, com três tiros nas pernas, o dono de um Volkswagen Golf, quando este lia o jornal, numa movimentada esplanada da Granja, em Gaia, ontem de manhã. A vítima, de 70 anos, foi obrigada a entregar o carro.
Cerca das 10,30 horas, Licínio Castro Oliveira, residente em Serzedo, Vila Nova de Gaia, estava dentro do carro, estacionado frente à esplanada da praia da Granja, junto à chamada "meia-laranja" quando tudo aconteceu.
"Estava a ouvir rádio baixinho e a gravar um número de uma pessoa conhecida no telemóvel quando, de repente, ouvi alguém a dizer para sair do carro. Não liguei, mas a pessoa insistiu. Olhei para fora e foi então que vi um indivíduo com a cara tapada. Ele deu um tiro para o ar para me intimidar, abriu a porta e eu saí", contou Licínio Oliveira, recordando que foi nesse momento que se apercebeu de um segundo indivíduo numa motorizada Yamaha DT branca, parada do outro lado da rua. "Estava ali à espera a ver como é que corria a coisa", explicou Licínio Oliveira.
Já fora do carro, Licínio Oliveira começou a recuar em direcção à traseira do automóvel, altura em que o assaltante, aparentemente na casa dos 20 anos, lhe apontou a arma e disparou. "Acertou-me mesmo a baixo do joelho da perna direita e eu perguntei-lhe: 'Era preciso fazer uma coisa destas?'. Ele não tem mais nada, dá-me outros dois tiros, também abaixo do joelho, mas da perna esquerda", recordou.
"Olhei para as minhas pernas, vi as calças com os buracos das balas e o sangue a jorrar como uma bica. Pensei: «Destruíram-me as rótulas e deram-me cabo da saúde». Entretanto, eles arrancaram, um com o carro e o outro com a mota, e fugiram", explicou.
Desesperado, Licínio Oliveira pediu ajuda a um automobilista estacionado mesmo ali ao lado, curiosamente num Mercedes. "Era um Mercedes velho, por isso é que não o quiseram", gracejou. "Ainda assim, ele estava mais em choque do que eu. Pedi-lhe para me levar ao hospital, mas a única coisa que ele me disse foi para eu ligar aos bombeiros", recordou.
Licínio Oliveira dirigiu-se, então, à esplanada onde começaram a aparecer as primeiras pessoas. "Um homem chamou os bombeiros e, enquanto não chegavam, uma senhora, pelos vistos, enfermeira, rasgou uma toalha em duas, apertou-me as pernas com elas e estancou-me o sangue", concluiu.
A vítima foi assistida pelo INEM no local e depois levada para o Hospital de Gaia, pelos Bombeiros Voluntários da Aguda. Teve alta a meio da tarde e saiu pelo próprio pé. É que, por sorte, as balas entraram e saíram e atingiram apenas "partes moles".
Sem comentários:
Enviar um comentário