Zé Pedro, guitarrista dos Xutos e Pontapés, lamentou este domingo a morte de António Sérgio que considerou «um grande divulgador de música» e «um mestre da rádio e do conhecimento musical», refere a Lusa.
«Lembro-me de seguir e gravar programas dele para descobrir bandas e, algumas vezes, cheguei a ligar-lhe para a cabine a perguntar que banda era aquela que ele estava a passar», recordou Zé Pedro.
O guitarrista dos Xutos e Pontapés mantinha «uma enorme cumplicidade» com António Sérgio, «não só em termos musicais, mas também de amizade».
Para Zé Pedro, António Sérgio «introduziu uma maneira nova de fazer rádio e de cativar as pessoas através da forma tão peculiar que ele tinha de colocar a voz, de descobrir bandas novas e de encadeá-las entre si».
Era a «única pessoa» a quem os Xutos recorriam antes de gravar um disco, para «pedir conselhos ou opinião» sobre o trabalho que estavam a fazer, «coisa que nem às editoras fazíamos», acrescentou.
«Era para mim completamente fascinante. Hoje em dia ouvia-o na Radar», frisou.
António Sérgio, que faleceu sábado devido a problemas cardíacos, era «uma das pessoas que estava mais à frente em termos musicais em Portugal», considerou hoje o músico Rodrigo Leão.
«Era uma pessoa fantástica, talvez uma das primeiras pessoas que eu conheci da rádio. Foi há 28 anos, quando editámos o primeiro disco da Sétima Legião», acrescentou o músico, fundador dos Sétima Legião e dos Madredeus.
Rodrigo Leão recordou que a primeira entrevista que fez foi, precisamente, com António Sérgio, e destacou o «Som da Frente» como o programa que ouvia na adolescência.
«Era uma pessoa que já não via há muitos, mas acompanhava sempre os seus programas de rádio, ultimamente ouvia-o na rádio Radar», disse.
António Sérgio, último dos radialistas com programa de autor, morreu sábado à noite em consequência de um problema cardíaco, mas a sua influência nas ondas hertzianas estendeu-se ao longo dos anos, na divulgação da chamada música alternativa.
Homem da rádio, António Sérgio, de 59 anos, começou em 1968 na Rádio Renascença, seguindo as pisadas do pai, mas foi no final da década de 1970, quando ingressou na Rádio Comercial, que a sua popularidade se consolidou, ajudando a divulgar novos estilos e tendências da música moderna.
Programas como Rotação (de 1977 a 1980), Rolls Rock, Som da Frente (de 1982 a 1993), Lança-Chamas, O Grande Delta (de 1993 a 1997) e A Hora do Lobo, todos na Rádio Comercial, foram a sua imagem de marca na ondas da rádio.
António Sérgio fazia actualmente o programa Viriato 25 da rádio Radar, tendo inclusivamente gravado em estúdio o programa da próxima semana, que será posto no ar tal como previsto, garantiu Luís Montez, um dos proprietários daquela emissora.
Antes de entrar na Radar, em Dezembro de 2007, António Sérgio viu-se envolvido numa polémica na Rádio Comercial, quando a Hora do Lobo, o programa que aí mantinha foi cancelado, decisão que motivou uma onda de reacções e protestos de ouvintes.
«As pessoas que foram responsáveis [pela Comercial] consideraram que a manutenção daquele programa de autor era prestigiante para a rádio, mas agora já não acham», lamentou António Sérgio nessa altura.
João David Nunes, um dos fundadores da Rádio Comercial e que levou António Sérgio para a emissora da Rua Sampaio Pina, na década de 1970, disse que o radialista deixa uma «marca indelével» na rádio portuguesa.
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