Num encontro aceso e de divisões vincadas, Judite de Sousa teve de questionar Paulo Portas e Francisco Louçã se queriam que ela pagasse uma multa pela falta de cumprimento de regras para terminar o debate. Ao longo de 50 minutos, os líderes do CDS e do BE exibiram divisões sobre os problemas que consideram prioritários, desde a economia , aos temas da imigração e da segurança.
Numa disputa de «sensibilidades» em relação aos problemas sociais, Louçã censurou o partido de Portas por propostas que considera lesivas dos mais pobres. «Olho para o site do seu partido e vejo lá um texto que me espanta, que é um texto a defender o fim do salário mínimo nacional», apontou.
O democrata-cristão amparou o golpe, dizendo que se trata de uma visão particular de um elemento da JP e que «não é a posição de nenhum dirigente nacional do CDS», argumentando que por haver elementos ligados ao BE associados à actos de vandalismo em plantações de transgénicos isso não significa que essa seja a política oficial do BE.
Citação de Salazar
O tema das nacionalizações defendidas por Louçã e do Rendimento Social de Inserção que Portas quer limitar serviu de mote para acentuar as diferenças. «Ouvi dirigentes do CDS, e agora não me dirão que é um mero dirigentes da JP que desapareceu em combate, a falar da ideia de que o Rendimento Social de Inserção (RSI) era um subsídio à preguiça. Fiquei muito chocado com isso», disse o bloquista, associando esta visão à de Salazar, que citou: «O subsídio de desemprego é um subsídio à pobreza».
Paulo Portas respondeu: «A minha aposta é em quem trabalha (...) e ao lado vê gente a mais que não quer trabalhar e quer viver à custa do contribuinte». O líder do CDS reivindicou uma série de decisões em matérias de apoio social que foram tomadas quando o CDS esteve no poder. «Uma coisa é falar outra coisa é fazer», largou, dizendo, em relação ao RSI, que o que não aceita é que se transforme «uma ajuda transitória num modo de vida».
A imigração voltou a acentuar antagonismos, entre um Louçã que realçou o «contributo extraordinário» dos imigrantes em Portugal e um Portas que alertou para a falta de condições de acolhimento. «Queremos que os que cá vêm sejam tratados como gostávamos que os portugueses tivessem sido tratados», anotou o líder do BE, recusando ter chamado xenófobo a Portas: «Acusei políticas concretas de xenofobia, não falei do CDS como xenófobo».
Mas Portas considerou que até estas críticas eram injustas: «A política de imigração do CDS não tem nada de xenófoba. É a política aprovada em Setembro de 2008 pelo Conselho Europeu. E o que diz o Conselho Europeu? Que a imigração deve ser regulada», sintetizou o centrista, argumentado que «uma sociedade deve acolher aqueles imigrantes que pode integrar».
Polícias bastam, polícias não chegam
A segurança encerrou o debate, mas não as diferenças. Aqui, Louçã defendeu que o problema não está na falta de agentes, mas no elevado número deles longe das ruas, entregues a trabalhos burocráticos. As prioridades para o BE, nesta matéria, passam pela especialização das polícias em tipos de criminalidade emergente, na política proximidade e na cultura de direitos e de deveres.
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