Os temas económicos dominaram grande parte do debate entre Manuela Ferreira Leite e Jerónimo de Sousa e mostraram as maiores diferenças entre os candidatos. Os pontos em comum foram sobretudo as críticas ao Governo de José Sócrates.
Questionada sobre o tema da asfixia democrática e as declarações polémicas prestadas na Madeira, que apontou como exemplo de liberdade, Ferreira Leite, afirmou que «o PSD prestou um serviço ao país ao ter abordado o tema».
«O Procurador Geral da República admite que possa estar a ser escutado. Há pessoas não vão a acções do PSD porque temem perder o negócio», diz a líder do PSD, dando exemplos desse clima de asfixia.
«Fundamentado ou não, é um sentimento que existe e que é inaceitável», disse.
Jerónimo admite que «há sinais preocupantes» no exercício da liberdade sindical. «Houve momentos em que este governo, de forma intolerante e crispada, deu sinais preocupantes. Existem condicionamentos pontuais, empobrecimento da democracia. Esperemos que não se tornem regra», adiantou.
O cabeça-de-lista da CDU considerou que, apesar de tudo, «a liberdade de expressão não está em causa». «Se há coisa que o povo português gosta é de liberdade».
Voltando a frisar que «não há falta de liberdade na Madeira», a líder do PSD afirma que João Jardim tem sido eleito democraticamente pelo povo madeirense.
Jerónimo de Sousa recorda o «acolhimento democrático» que teve numa recente deslocação à Madeira. Embora refira que não sentiu essa asfixia, reconhece que existem «manifestações, muitas vezes anti-democráticas» do presidente do Governo Regional.
Economia e emprego dividiu os candidatos
O cabeça-de-lista da CDU acusou o PSD de estar «reféns dos grandes grupos económicos» e defendeu «uma reforma fiscal corajosa para resolver as desigualdades do país».
A líder do PSD afirmou que «esta não é altura de aumentar impostos» e afirmou que «os lucros das grandes empresas já são taxados a 42 por cento».
Ferreira Leite diz que o equilíbrio das contas públicas não é prioridade, mas sim o emprego.
Jerónimo de Sousa acusa Ferreira Leite de estar a pôr «o conta-quilómetros a zero». «Até parece que o PSD não tem nada a ver com este crescimento anémico do país», disse. Ferreira Leite respondeu que «nós últimos 14 anos, o PSD só esteve no Governo 2 anos e meio». «Tempo nenhum para resolver os problemas do pântano que herdamos», afirmou.
Avaliação de juízes: «Isto não é trabalhar à peça»
Jerónimo de Sousa mostrou-se claramente contra a proposta do PSD de avaliação dos juízes. «Isto não é por atacado. Isto não é trabalhar à peça», disse. «Há processos de grande complexidade, outros mais simples...»
A líder do PSD ainda explicou que o objectivo é que a «independência da Justiça seja mantida e diminuir a morosidade do sector» e que não será tida em conta apenas a quantidade de processos analisados, mas também a qualidade. «Muitas vezes tem havido dúvidas sobre a independência da Justiça e o Governo deve dar meios para que a Justiça actue de forma mais eficaz», disse.
Ambos os candidatos criticaram a forma como os juízes foram tratados pelo Governo do PSD. «Os juízes estão claramente desprotegidos, diz Jerónimo. Até há quem diga que eles estão 3 meses de férias. Toda a gente sabe que isso não é verdade», disse Jerónimo de Sousa, tendo o mesmo argumento sido utilizado por Ferreira Leite.
«É preciso resolver os problemas que o poder político criou na Justiça», disse ainda o líder da CDU, que pede que «os portugueses tenham igualdade no acesso à Justiça».
Já a líder do PSD elege o combate à corrupção como uma prioridade.
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