As duas semanas das eleições, Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas, assumiram no debate desta quinta-feira uma postura comum. Os líderes do PSD e do CDS fizeram questão de frisar que não precisam um do outro.
Portas foi o primeiro a demarcar o distanciamento: O CDS é um partido autónomo, não é supletivo, nem uma filial de outro partido». «O meu adversário é Sócrates, os outros partidos são concorrentes», disse, ressalvando que tem «ideias próprias».
«O nosso objectivo é que o próximo primeiro-ministro não seja José Sócrates», disse, Ferreira Leite, frisando mesmo que «o PSD não precisa dos votos do PP para bater o PS». Mas não deixou de apelar ao voto útil, dizendo que «o próximo primeiro-ministro só não será Sócrates se o PSD tiver mais votos do que o PS».
Impostos e apoios sociais afastam CDS e PSD
Portas avisou Ferreira Leite que «não ganha sozinha», pedindo-lhe que não «asfixie» o eleitorado do CDS, ao apelar que vote no PSD para que Sócrates não ganhe.
«É evidente que entre PSD e CDS existem semelhanças importantes no que respeita aos valores e aos princípios, mas temos divergências na forma de encarar alguns aspectos», disse Ferreira Leite.
Mas sobre uma coligação com o PSD, Portas repete: «Prudência, cautela e caldos de galinha». Já Manuela Ferreira Leite diz apenas: «Não falo sobre cenários».
«Centrão» entra no debate
Portas diz que «o CDS é claro naquilo que o PSD é vago. É diferente naquilo que o PSD é parecido com o PS. Estão juntos na Galp, na Caixa Geral de Depósitos, nas empresas públicas», numa referência ao «centrão».
«Ao referir-se ao centrão como o faz, dá-me ideia que ao Dr. Paulo Portas é indiferente quer ganhe o PS ou PSD», respondeu Ferreira Leite.
Mas ambos os líderes rejeitam liminarmente a possibilidade de uma coligação com o PS.
«Sócrates tenta controlar a comunicação social»
Paulo Portas afirmou que «já disse muitas vezes que Sócrates tenta controlar a comunicação social, amedrontar, condicionar quem é discordante e tem uma obsessão pela maioria absoluta que torna num poder absoluto».
«Eu estou de acordo com Paulo Portas, excepto numa coisa. Tiraria a palavra tenta», disse Ferreira Leite.
Mas os candidatos já não estiveram de acordo quando a «asfixia democrática» se aplicava à Madeira. «O doutor Alberto João Jardim foi eleito anos seguidos pelo povo da Madeira, por voto secreto e com maiorias cada vez maiores», disse Ferreira Leite, afirmando que não acredita que pudesse acontecer o mesmo com José Sócrates no continente.
Para Paulo Portas, «o regime de Jardim é caciquista». «Se fosse na Madeira, não estaríamos a ter este debate», disse o líder do CDS, recordando que Jardim não vai ao Parlamento madeirense debater com os deputados.
Ferreira Leite recordou a Portas o impasse inicial e a reticência de Sócrates em concordar com debates abertos a todos os candidatos e afirmou: «Está aqui a debater comigo porque eu impus».
Quando questionada sobre se o caso do cancelamento do Jornal de Sexta da TVI não era semelhante ao afastamento de Marcelo Rebelo de Sousa de comentador da TVI, quando o PSD e o CDS era Governo, Ferreira Leite lançou um repto a Judite de Sousa, «se acha que é igual, convide Manuela Moura Guedes para comentadora da RTP».
Críticas mútuas sobre Segurança
Portas desafia o PSD a dizer quantos polícias contratará «para compensar o erro do PS de cancelar admissões quando a criminalidade estava a crescer».
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