Jerónimo de Sousa e Paulo Portas protagonizaram o quinto da série de dez debates das eleições Legislativas e, apesar de terem ficado claras várias diferenças entre os dois líderes partidários, também houve alguns pontos em comum. Uma coisa ficou clara e foi várias vezes referida por Paulo Portas: «O meu adversário não é o senhor, é José Sócrates», disse o líder do CDS a Jerónimo, indo depois mais longe: «Todos os votos na oposição são votos contra Sócrates», disse depois.
«O PS e o PSD não são donos do voto popular», disse ainda Jerónimo, num apelo contra o voto útil. O «dilema nestas legislativas é saber se os portugueses votam no mais do mesmo ou se apontam a necessidade de uma ruptura», disse ainda.
Já Portas disse que os partidos do centro vivem «dilemas existenciais». PS e PSD «já representaram 80 por cento dos votos em Portugal», mas neste momento têm «menos de dois terços», acrescentou.
Nacionalizações dividem candidatos
O debate começou com o tema da Economia e desde logo ficou clara uma grande diferença entre ambos os candidatos. Jerónimo defende a nacionalização de algumas empresas estratégicas, nomeadamente da Galp, considerando que poderia «acabar com a cartelização de preços» que tanto «prejudica os portugueses». Para Portas, «o que é importante não é a Galp ou a EDP serem públicas ou privadas. O importante é existir concorrência, que é o que permite que os preços baixem».
Ambos os candidatos frisam a importância das Pequenas e Médias Empresas (PME) para a Economia e Portas deixa mesmo um aviso: Estado vai esgotar crédito para as PME com obras públicas
Os candidatos concordaram ainda nas críticas à forma como o subsídio de desemprego está organizado. «O PCP apresentou sete vezes propostas de alteração dos critérios e foi sempre rejeitada pela direita», disse Jerónimo. «E o CDS apresentou oito», respondeu Portas.
Divergências na Saúde
O tema da saúde foi o que mais discussão gerou. Por um lado, Portas defende o recurso à contratualização privada para resolver o problema das listas de espera. «27 mil pessoas estão à espera de uma operação às cataratas. Se o Estado contratualizar com os privados, nomeadamente às Misericórdias, num ano faz 25 mil operações. Isto não é privatizar, é dar eficácia», afirmou o líder do CDS, dando depois mais exemplos de áreas que podem beneficiar com esse recurso ao privado.
Já Jerónimo de Sousa, embora admita que «se o Estado não tem capacidade de resposta, deve recorrer ao privado», afirma que é importante que isso não signifique que não há aposta no Serviço Nacional de Saúde, recordando o encerramento de maternidades e urgências. «É preciso modernizar, dinamizar o serviço de Saúde», disse.
Para o líder do PCP «este Governo quis desresponsabilizar o Estado, entregando os doentes ao privado. Estado está a entregar o que é lucrativo, o bife do lombo aos privados».
«Se há coisa que me faz impressão é aplicar as ideologias à Saúde», respondeu Portas, recordando os valores das listas de espera. «Se o SNS não tem capacidade de resposta e o privado tem, em nome de que ideologia se deve deixar os doentes à espera?», questionou.
Só dois partidos falaram de Agricultura: o meu e o seu
Críticas duras de ambos os candidatos à política do Governo. Portas chamou «perdulário» a Jaime Silva focando o «desperdício de fundos europeus». Jerónimo diz que «assim, a nossa agricultura familiar não tem hipótese de se salvar. Muitos agricultores já não têm dinheiro para pagar à segurança social».
«Só houve dois partidos que no Parlamento falaram de Agricultura: um foi o meu e o outro foi o seu», reconheceu depois Portas.
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