Sócrates citou Abel Salazar, apresentou documentos e disse que «o novo Governo vai ter novos ministros». Ferreira Leite falou de credibilidade e deixou duas frases forte: «Não estou aqui para defender os interesses espanhóis, mas os interesses portugueses» e «parece aquele que mata o pai e a mãe para dizer que é órfão». O debate entre os dois principais candidatos às Legislativas foi vivo, esclarecedor e deixou um rastilho que tem de ser consumido nas próximas duas semanas até à votação de 27 de Setembro.
Ferreira Leite assegura: «Não quero privatizar saúde e educação»
«O que fala por um político é o trabalho feito e os últimos quatro anos falam por mim», começou por dizer o primeiro-ministro, lembrando que foi chamado a governar «numa altura difícil», tendo respondendo, em 2005 «a uma grave crise financeira», à qual respondeu colocando «as contas em ordem.»
TGV: PSD recusa-se a «defender interesses de Espanha»
Preparado para defender aquilo que fez e o seu programa, começou por marcar o debate, atalhando caminho para a questão da qualidade da democracia. Passou a enumerar medidas como «a limitação dos mandatos», «a lei da paridade», «a reforma do Parlamento, que deu mais poderes às oposições e obrigou o Governo a ir mais vezes ao Parlamento». «É por isso que acho despropositada a acusação de asfixia democrática», referiu, falando então nas críticas e depois no exemplo da Madeira.
Ferreira Leite respondeu, falando da sua imagem de credibilidade e lembrando o percurso de estudante, académica, professora, conferencista e política para justificar a inclusão de António Preto e Lopes da Costa nas listas do PSD a Lisboa. «Disse desde sempre que nunca traria para a política questões do âmbito da justiça», rematou.
A asfixia democrática estava em cima da mesa e a líder social-democrata disse olhos-nos-olhos que existe um «ambiente na sociedade portuguesa, em que a democracia e a liberdade em muitos casos têm sido afectados». Sócrates considera que este comportamento «não valoriza a democracia». No final do tema, disseram ambos que serão deputados se perderem.
TGV, Espanha e Scut
O candidato socialista recordou a social-democrata que «não é a dona da verdade» e citou Abel Salazar: «A virtude do sabedor é a um humildade e não a arrogância». Mas também «um grande general, que uma vez disse: Nunca vi um pessimista ganhar uma batalha.»
E, logo a seguir, entram os temas económicos, as políticas fiscais e o TGV. Ferreira Leite anuncia: «Garanto-lhe que vou suspender essa medida.» Sócrates lembra que em 2003, quanto estava no Governo, o PSD fez um acordo com Espanha para quatro linhas. Ferreira Leite responde: «A situação do país não era a de hoje.»
E surge uma reacção forte da líder social-democrata: «Hei-de conseguir resolver esse assunto com Espanha, sou uma pessoa responsável. O motivo de Espanha é que precisa que o comboio passe a fronteira para ter categoria transfronteiriça e ter mais apoios comunitários. Portugal não é uma província de Espanha. Não gosto dos espanhóis metidos na política portuguesa».
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