Arguido que explicou no Tribunal de Gondomar a megafraude nas sucatas diz sofrer ameaças.
O arguido do megaprocesso de fraude nas sucatas, que contou, no Tribunal de Gondomar, como funcionava o esquema, queixou- -se, ontem, que o tentaram "silenciar" com agressões e ameaças, nos últimos dois meses.
O empresário de Santa Maria da Feira, protagonista da primeira sessão do julgamento, anteontem, ao assumir envolvimento num circuito de facturas falsas para beneficiar empresários do sector das sucatas, denunciou a insegurança por que tem passado.
"Há uns dois meses, seis pessoas que eu não conheço entraram no meu café e agrediram-me. Disseram-me para ficar calado quando fosse o julgamento. E tenho sido avisado de que eu e a minha família podemos ter problemas", afirmou, durante o interrogatório. Sem apontar nomes de suspeitos, adiantou que apresentou queixas na Polícia Judiciária.
À margem da audiência, A.G., de 38 anos, acrescentou aos jornalistas que o espancamanto no café de que é agora proprietário o deixou com "três costelas partidas e hematomas na cara", tendo recebido tratamento hospitalar. Além das mazelas físicas, enfatizou que os dois filhos e a mulher "ficaram traumatizados".
O ex-sucateiro disse que, desde então, foi aconselhado mais duas vezes a "ter cuidado", por indivíduos que também foram ao seu estabelecimento. A última situação ocorreu pelas 0.30 horas da passada terça-feira, em vésperas do início do julgamento. "Quatro homens disseram-me para ter cuidado com o que vou dizer e lembraram-me de que tenho mulher e dois filhos". Anteontem, em tribunal, A.G. denunciou ter sido contactado por alguns empresários, cujos nomes apontou, para emitir facturas falsas e "emprestar" a assinatura em cheques de milhares de euros respeitantes a vendas fictícias de mercadoria. E contou que, por cada "colaboração", recebia até 150 euros. O processo tem 58 arguidos.
A sessão de ontem ficou, também, marcada pelas declarações de um dos sucateiros - igualmente no banco dos réus - cujas denúnicas desencadearam todo o processo. P. A. revelou que entrou no esquema por estar com dificuldades financeiras devido ao seu "vício do jogo". Acedeu, então, a propostas de empresários para lhes passar "facturas de favor" (de transacções simuladas), recebendo "15 a 20 contos por cada".
P.A. identificou como cérebros do estratagema alguns dos donos de firmas que estão em julgamento. E lembrou que a investigação avançou quando, em Janeiro de 2005, foi às Finanças, e depois à PJ, denunciar tudo "por livre vontade". "Acabei por cair na realidade", argumentou, referindo que, dias depois, foi alvo de ameaças.
Sem comentários:
Enviar um comentário