Vítor Constâncio foi ontem, segunda-feira, eleito vice-presidente do Banco Central Europeu. A maioria dos votos do Eurogrupo conduz o ainda governador do Banco de Portugal a Frankfurt e abre uma vaga na liderança do banco nacional para a qual se perfilam já vários nomes.
A decisão do Eurogrupo tem de ser confirmada hoje durante a reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, embora só os 16 países do euro possam pronunciar-se. Ontem à noite, o ministro português das Finanças estava "satisfeito" e falava de motivo de "orgulho" para Portugal.
Treze dos 16 países da Zona Euro terão ontem à noite dado o seu voto ao candidato português, entre eles, a Alemanha, deixando para trás os concorrentes belga, Peter Praet, e o luxemburguês, Yves Merch. De fora ficaram os países de origem dos dois candidatos preteridos e Malta que apoiava o Luxemburgo.
O socialista Vítor Constâncio inicia funções como número dois do BCE a 1 de Junho e vai ficar responsável pela supervisão financeira, nas novas funções do banco central como responsável pelo Conselho Europeu de Risco Sistémico, embora, a prazo, as funções rodem entre os membros do conselho executivo.
Junho será também a data para iniciar funções o sucessor de Constâncio à frente do Banco de Portugal. No quadro de um acordo de cavalheiros entre os principais partidos políticos, espera-se que a cadeira passe agora para o lado do PSD, ao passo que a Caixa Geral de Depósitos ficaria para alguém vindo das fileiras do Partido Socialista. Os nomes já começaram a surgir: Faria de Oliveira, actual presidente da CGD, e Vítor Bento, presidente da SIBS. No grupo de possíveis sucessores está também o ex-ministro da Economia, Manuel Pinho (ver ficha).
A nomeação de Constâncio para número dois do BCE abre caminho para o Alemão Axel Weber chegar à presidência da instituição no ano que vem, em substituição do francês Jean-Claude Trichet.
Uma dupla norte-sul na cúpula da instituição financeira vai além do equilíbrio geográfico de países. A combinação tem, antes, a ver com as concepções diferentes do papel da política monetária da Zona Euro entre os mais ortodoxos e os mais flexíveis, os "falcões" dos países do norte da Europa e as "pombas" típicos dos países do sul.
Vítor Constâncio tem ainda de ser confirmado pelos chefes de Governo na Cimeira Europeia de 25 e 26 de Março.
Jornal de Noticias
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