O PS venceu as eleições legislativas deste domingo. «Uma extraordinária vitória eleitoral», declarou José Sócrates no discurso de triunfo, mas que revela um castigo aos socialistas por parte do povo português. Sócrates perdeu a confortável maioria absoluta que lhe permitiu governar sozinho nos últimos quatro anos. A partir desta segunda-feira o PS vai ter que mudar. E muda conforme o povo determinou, ou seja, com entendimentos, provavelmente, com a nova terceira força política do país: o CDS-PP, o segundo vencedor da noite.
Paulo Portas foi o último a discursar na noite eleitoral. A honra é normalmente guardada para o vencedor da noite, mas José Sócrates antecipou-se e discursou antes do líder do CDS-PP. Paulo Portas falou em último e tem motivos para isso. O CDS-PP chega finalmente aos dois dígitos e de última força política passa para terceira. Mas não é tudo.
Os populares reúnem condições para efectuarem uma aliança com o partido vencedor das eleições. As coligações que deram tanto que falar durante a campanha eleitoral começam agora a desenhar-se. Descartada a hipótese de um «bloco central», ou seja um governo PS/PSD, o CDS-PP é o único partido que reúne deputados suficientes para assegurar uma coligação e uma estabilidade governativa.
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Juntos, PS e CDS-PP têm 117 deputados, mais um do que o mínimo necessário para governar com maioria absoluta. Bloco de Esquerda e CDU não reúnem deputados suficientes para governar ao lado do PS. Mas números são números e ideologias são ideologias. Portas pode assegurar a estabilidade governativa, mas Sócrates deverá preferir ficar sozinho e governar com acordos pontuais.
PSD, Bloco e CDU: quem perdeu mais?
Depois dos vencedores, há sempre os derrotados. Entre os restantes partidos com assento paramentar não é fácil perceber quem foi para casa mais zangado. Mas vamos por partes.
O PSD teve esta noite um resultado que não sendo pior do que Santana Lopes conseguiu em 2005, (28,72) fica longe das expectativas criadas na primeira semana de campanha eleitoral. Ferreira Leite falhou, assumiu a derrota, mas não saí. Vem aí as autárquicas e o PSD segura a líder mais 15 dias, pelo menos, até ao próximo conselho nacional, anunciado esta noite pela líder.
O Bloco de Esquerda foi vencedor antes de tempo. O partido cresce, é certo, mas perde a batalha dos dois dígitos e o terceiro lugar que lhe foi atribuído nas sondagens durante a campanha eleitoral. Louçã salienta que tirou a maioria absoluta ao PS, mas o amargo de boca é evidente.
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