A Marinha Portuguesa nega que o Arctic Sea esteja ao largo de Lisboa ou sequer em águas territoriais portuguesas, algo que foi avançado pelo editor do boletim marítimo russo «Sovtfracht», que recentemente deixou a Rússia, devido à polémica relativa ao navio que esteve desaparecido durante várias semanas.
Apesar de ter deixado a Rússia, primeiro para a Turquia e posteriormente para a Tailândia, devido a ameaças, Mikhail Voitenko continuou a falar sobre o caso.
«Não tenho nada a perder e escrevo. Nos dias 5 e 6 de Setembro, o Arctic Sea está ao largo de Lisboa para reabastecer [óleo]», escreveu Voitenko, segundo cita a agência Lusa
A Marinha Portuguesa negou que esta informação seja correcta. «Já confirmei com o comando naval. O Arctic Sea não se encontra ao largo de Lisboa nem nas nossas águas territoriais», explicou a porta-voz Maria Martins. Esta tenente da Marinha salientou ainda que «não há sequer nenhum pedido neste sentido».
O navio Arctic Sea esteve desaparecido desde o final de Julho até 17 de Agosto, depois de ter partido da Finlândia com 15 elementos da tripulação russos a bordo. O destino era a Argélia, para onde levava, pelo menos oficialmente, madeira. Embora se especule sobre a presença de armas ou outra carga sensível a bordo.
Mas já antes deste desaparecimento, o navio havia passado por um outro episódio invulgar. Foi atacado em águas suecas por um grupo de indivíduos que se fez passar por uma brigada antidroga. Após este episódio, o navio foi visto pela última vez no Canal da Mancha, até ser encontrado perto de Cabo Verde, por um vaso de guerra da Rússia.
As autoridades russas disseram que o navio esteve sequestrado e foram acusados oito homens por este caso.
Mas Voitenko acusa Moscovo de não estar a dizer a verdade. «Recordam-se do que escreveu o MNE da Rússia numa declaração? Se não, eu recordo: "o navio nunca desapareceu e a sua localização foi sempre conhecida". Respondo: mentem, e explico como as coisas aconteceram. No dia 8 de Agosto, telefonaram-me de um serviço marítimo civil, cujo nome não vou revelar. Perguntam-me se eu sabia alguma coisa do Arctic Sea. Explicaram que o Serviço Federal de Segurança e da Armada da Rússia estavam interessados nisso», escreveu.
O jornalista salientou ainda que tem recebido cartas de famílias preocupadas dos marinheiros que se encontram a bordo do navio da marinha que localizou o Arctic Sea, em Agosto.
«Não têm contactos com eles e não sabem o que pensar. Eu acalmei-as, pois não há motivos de preocupação. Simplesmente, o Arctic Sea está rodeado de uma cortina de chumbo de silêncio», escreveu Voitenko.
A agência Lusa aponta que, depois de terem sido publicadas estas mensagens, o sítio electrónico Sovfrakht deixou de funcionar.
De acordo com as autoridades militares da Rússia, aponta a agência noticiosa, o navio de carga está a ser rebocado para Novorrossiski, mas sem que fosse precisada uma data de chegada. Também não é precisada a sua localização actual.
O cargueiro deverá ser sujeito neste porto russo, situado no mar Negro, a uma vistoria.
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