A empresa de equipamentos frigoríficos Trimco, em Guimarães, foi, ontem, selada por ordem do administrador judicial. Decretada insolvente desde 13 de Julho, deixa na rua 82 trabalhadores que acusam a família Jordão.
Os 82 trabalhadores da empresa de equipamentos frigoríficos Trimco, Lda. foram, ontem, lançados para o desemprego. A empresa, criada em 1981 pela família Jordão, e que surgiu de uma mais antiga, da década de 40, estava, segundo os trabalhadores, há dois meses a atravessar dificuldades e os funcionários já se encontravam nas instalações sem tarefas.
"Estávamos abandonados. A fábrica está parada e estamos por aqui a jogar às cartas e a passar o tempo, mas isto, para nós, é uma tortura", explicou Manuel Pacheco, representante dos trabalhadores. A insolvência da Trimco foi decretada pelo tribunal a 13 de Julho e, ontem, o administrador judicial esteve na empresa para selar as instalações e comunicar aos trabalhadores a situação de desemprego. "Encomendas não nos faltavam. Tínhamos encomendas de luxo de muitos milhões de euros", garantiu o representante dos trabalhadores. Os 82 funcionários não percebem o que esteve na base do encerramento mas, por aquilo que lhes foi dado a observar, "o não entendimento entre os dois gerentes que comandavam a empresa foi fatal".
"Um dos gerentes representava a família e havia outro gerente que não era da família. O que não era sócio foi mudado há cerca de cinco anos. Há cerca de um mês e meio, o gerente também saiu e nasceu o problema". Aludem que, a partir daí, a empresa começou a paralisar pela falta de um dos gerentes e terminou com este desfecho. "Não temos dúvida nenhuma de que houve má gestão. Foi mal controlada, estes anos todos, e, se fizessem auditorias sérias, esta empresa não tinha chegado a este ponto, que interessa à família Jordão", acusou Manuel Pacheco.
Tentou se contactar os ex-gerentes da empresa, mas fonte próxima garantiu que a empresa vivia com dificuldades há muito mais tempo do que os últimos dois meses. Ainda segundo a mesma fonte, a família Jordão decidiu "deixar cair a empresa, por não estar disposta a injectar mais capital, já depois de ter tentado arranjar investidores que estivessem interessados em continuar o negócio. A família gastava muito dinheiro para manter a empresa", revelou a fonte.
Ideia distinta têm os trabalhadores, para quem a família Jordão "teve um comportamento incorrecto" neste processo. "Houve uma grande irresponsabilidade dessa família", atirou Manuel Pacheco. O representante tem a cabal convicção de que a empresa "tinha viabilidade há dois meses" e confidencializou que o ex-gerente havia afirmado que "tínhamos garantido, num só cliente, um milhão de euros por ano, durante cinco anos".
Os trabalhadores não têm vencimentos em atraso já que, apesar dos gerentes não aparecerem, continuaram a trabalhar: "Arranjámos clientes, fizemos dinheiro, tudo dentro da legalidade, e conseguimos pagar o mês de Junho e o subsídio de férias".
À porta da empresa, quando foi selada, ao início da tarde de ontem, as oito dezenas de funcionários diziam-se desamparados e desiludidos por terem dado muito da vida à empresa. "Nunca nos negámos a trabalhar sábados e fora de horas sem receber mais", concluiu.
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