Páginas

So faltam meses, dias, horas, minutos, e segundos para o ano 2012

Madeleine

Banner1
Click here to download your poster of support

Radio Viseu Cidade Viriato

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Batem às portas...

Batem às portas, mas quem está do outro lado até tem vergonha de as abrir. Este é o cenário com que se deparam as equipas que andam a distribuir alimentação ao domicílio. Da Santa Casa da Misericórdia, da Câmara Municipal ou da Cáritas, os voluntários vivem momentos difíceis para tentar ajudar aqueles que precisam


Cristina (nome fictício) leva a comida a um senhor que vive numa rua do centro histórico de Viseu. Um dia, bateu à porta e do lado de dentro uma mão estendeu-se para segurar o tabuleiro. Antes de a fechar, o proprietário deixou um pedido: "para a próxima não se importa de deixar ali um bocadinho mais ao lado?".


"As pessoas precisam de ajuda, mas têm vergonha de a pedir ou de a admitir. São pessoas que receiam serem apontadas no meio onde vivem", explicou a voluntária.


As situações mais dramáticas estão a ser vividas nas freguesias do centro urbano de Viseu. "A maioria dos beneficiários são pessoas idosas. Mas também já começamos a ver casais de meia idade a passarem por dificuldade e a quererem saber mais sobre os apoios", contou. E são cada vez mais os pedidos que chegam às instituições. "Há famílias desesperadas que dizem que têm o frigorífico vazio", relata, por exemplo, António Borges, presidente da Cáritas de Viseu.


Gabinete de crise


Face ao aumento do número de pedidos de ajuda que tem chegado, a Cáritas avançou no início deste ano com um gabinete de crise, por forma a dar uma resposta mais eficaz.
Desde o início do ano já chegaram mais de 430 pedidos.


A cantina social da Santa Casa da Misericórdia de Viseu (SCMV), por exemplo, ainda não abriu portas, mas a instituição já serve, porta a porta, mais de 100 refeições diárias a pessoas carenciadas da cidade, numa parceria com a autarquia local.


Esta parceria entre a Santa Casa e a Câmara prevê a instalação do restaurante social na antiga maternidade, propriedade da Misericórdia. Mas até a requalificação do edifício estar concluída, o que deverá acontecer em breve,"a população carenciada pode levantar senhas e almoçar na cantina da autarquia"


Classe média atingida


Se a pobreza sempre existiu, actualmente, os casos são mais complicados, atingindo pessoas da classe média. São hoje designados de "novos pobres".
"Temos casais em que ficaram os dois no desemprego e desprotegidos de apoios sociais. Vivem situações aflitivas. O que temos para oferecer são roupas e géneros alimentares", frisam os responsáveis pelas várias instituições sociais da cidade.
Face a este cenário, também a Diocese de Viseu lançou um fundo de apoio para pessoas desempregadas e que está a ser divulgado pelas diversas paróquias.



Portugal em posição "muito desfavorável"
Portugal ocupa ainda uma "posição muito desfavorável" na Europa no que respeita a casos de pobreza, havendo pessoas a passar fome.


De acordo com o vice-presidente da REAPN, Avides Moreira, a pobreza é mais sentida nas regiões do interior do país, nomeadamente no Norte Transmontano e Centro, onde se verificam "situações de pobreza extrema ou muito próxima", onde as pessoas têm carências na alimentação e ao nível das habitações.


Já para Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas, a situação em Portugal será ainda mais grave pelo facto de ter havido uma má negociação para a agricultura e pescas aquando da integração europeia, ao contrário do que aconteceu com Espanha.


Sem comentários: