Mais de 300 militares contestaram esta segunda-feira a extinção da Brigada de Trânsito da GNR, num jantar, em Oiã, onde se disse que a medida diminuiu o patrulhamento e as coimas e aumentou a insegurança e os engarrafamentos na estrada.
Foi o quarto jantar de militares contra a extinção da BT, ocorrida no início do ano por efeito da nova Lei Orgânica da GNR, e o mais concorrido de todos. O cabo chefe aposentado José Moreira justificou a deslocação de tantos ao concelho de Oliveira do Bairro com a insatisfação crescente e com a presença de um antigo comandante da BT, Lourenço da Silva, que decidiu dar a cara pelo movimento contestatário, "por imperativo de consciência".
"A extinção da BT criou situações complicadíssimas, não só para os militares, mas também para o país", afirmou Lourenço da Silva, para quem, desde o início do ano, tem havido "menos patrulhamento e menos punições". "Na semana passada, houve 11 mortos nas estradas; na A2, houve filas de 60 quilómetros", acrescentou aos jornalistas o mesmo coronel, rodeado de jovens militares.
Os contestatários da nova Lei Orgânica da GNR dizem-se "enxovalhados" com a sua exclusão da nova Unidade Nacional de Trânsito, que reúne 160 antigos membros da BT, em Lisboa e no Porto, mas deixou de fora cerca de dois mil.
Estes excluídos foram integrados, de forma que consideram indiferenciada, nos 18 comandos territoriais da GNR criados em Janeiro. Segundo o cabo chefe aposentado José Moreira, passaram a "receber ordens de comandos territoriais, os quais, às vezes, não têm formação no trânsito".
Esta situação tem aumentado a "desmotivação" dos militares e isso explicará a diminuição da fiscalização. Aqui, um comensal deu o exemplo do comando de Torres Vedras, onde, em Maio passado, só foram passados 194 autos, 185 dos quais por acção de radares... "Normalmente, ali havia 2500 a três mil autos por mês", comparou, apesar de observar, da parte da hierarquia, um alegado incitamento dos militares a passarem mais multas.
No final do jantar, José Moreira afirmou que os ex-BT não querem uma reedição dos "secos e molhados", mas avisou: "Não nos vamos calar!"
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