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Radio Viseu Cidade Viriato
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Ruas anunciou encerramento definitivo do "caso das pedradas"...
O presidente da autarquia viseense aproveitou ontem a utilização da palavra "pedradas" por parte do presidente da Assembleia Municipal de Viseu, Almeida Henriques, para anunciar que "já não há problemas em usar a expressão", anunciando que o processo em que era acusado de incentivo à violência, mais conhecido como "caso das pedradas" está, de uma vez por todas, encerrado.
O edil revelou aos deputados que o Ministério Público não recorreu da decisão do Tribunal da Relação do Coimbra que o absolveu depois de inicialmente ter sido condenado pelo Tribunal Judicial de Viseu por, numa Assembleia Municipal de Junho de 2006, ter proferida a polémica frase "Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada", respondendo assim às queixas dos presidentes de Junta relativas à actuação dos vigilantes da natureza.
Em declarações à comunicação social, Fernando Ruas disse que decidiu falar depois de terem passado todos os prazos para recorrer, inclusive os três dias em que é possível fazê-lo pagando multa.
Tal como tinha prometido no passado mês de Março, quando a decisão do Tribunal da Relação foi conhecida, o edil falou, pela primeira vez, desde que foi acusado pelo Ministério Público, sobre o caso, explicando que "o que se passou era algo que, enquanto eleito e responsável por representar uma comunidade, me inquietava, porque nunca se sabia que posição é que se podia tomar, de que liberdade é que dispúnhamos", revelando que se sentiu inibido de tomar "algumas posições públicas".
O autarca criticou os "ouvidos sensíveis" do procurador-
-geral da República que o levaram a avançar com o processo judicial, lembrando que o mesmo não aconteceu em situações que considera idênticas passadas na Assembleia da República, dando o exemplo de Manuel Pinho e, mais recentemente, do primeiro-ministro.
Fernando Ruas revelou ainda que o destinatário das polémicas afirmações feitas há quase quatro anos no Solar dos Peixotos foi José Manuel Oliveira, que, na altura, estava sentado ao seu lado como vereador da oposição e que ocupava também o cargo de chefe de divisão de Viseu do Ministério do Ambiente.
"Eu sou muito duro nas discussões, mas dou-vos a minha palavra de honra de que procuro ser correcto", adiantou aos jornalistas, acrescentando que a reacção mais acalorada resultou "de um acumular de situações que tinham ali um intérprete".
"Tem algum jeito que um indivíduo que seja gestor numa comissão de coordenação também seja vereador de uma câmara que depende dela? Ou que esteja dependente de um serviço que manda fiscalizar a acção cujo vereador está contra?", questionou, defendendo que o Governo deveria analisar aquilo que considera serem incompatibilidades.
Fernando Ruas referiu-se ainda às declarações então feitas pelo secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, que apelidou de pessoa "anti-poder local". "Disse que me devia retratar, pedir desculpas. Também estou à espera agora de um pedido de desculpas do senhor secretário de Estado, que ainda não o fez", finalizou.
Mais duro
Agora que está novamente "livre" para dizer o que lhe vai na alma, Fernando Ruas fez questão de explicar ainda na Assembleia Municipal que será "muito mais duro" nas suas apreciações relativas às intervenções feitas pelos deputados.
O que levou os deputados Fátima Ferreira, João Paulo Rebelo, ambos do PS, e Carlos Vieira, do BE, a mostrarem o seu desagrado.
A primeira acusou o edil de tentar "amedrontar" os presentes, enquanto que o segundo questionou se depois das pedradas vinham agora os penedos. O deputado do BE também não gostou das declarações de Fernando Ruas e explicou que o autarca estava sujeito a processos como o das "pedradas" ao fazer o papel de "Alberto João das Beiras".
O comentário mereceu uma resposta mais intempestiva por parte do presidente da Câmara, que exigiu respeito, para depois admitiu que até estava "invulgarmente calmo".
DV
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