Independência ocorreu a 18 de Abril de 1980. Promessas ainda estão por cumprir
O primeiro-ministro Morgan Tsvangirai está na próxima semana em Bruxelas para negociações com a União Europeia. Estas são consideradas fundamentais para assegurar a eficácia do Governo de unidade nacional, que tem sobrevivido no meio de crises e tensões entre o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, em inglês), de Tsvangirai, e a ZANU-PF, partido do Presidente Robert Mugabe.
Entre crises, intimidações - as forças de segurança continuam a deter figuras da oposição a Mugabe - e tensões, o Governo tem obtido resultados. Os mais importantes foram o controlo da hiperinflação e a recuperação de níveis de actividade aceitáveis nos vários sectores da economia. Já este ano, foi anunciada a produção de 1667 toneladas de ouro no primeiro trimestre em comparação com a inexistência de qualquer produção no mesmo período em 2009.
As crises são contudo recorrentes. Ainda esta semana foi noticiada novo escândalo envolvendo um sobrinho de Mugabe, Philip Chiyangwa, que adquiriu de forma fraudulenta terrenos municipais em Harare, com a cumplicidade de um elemento do município, outro familiar do Presidente. O caso originou uma troca de acusações entre o MDC e a ZANU-PF e bloqueou, mais uma vez, a actuação do Executivo.
Passadas três décadas sobre a transição de poder para a maioria negra, o Zimbabwe (ex-Rodésia, antiga colónia britânica) vive uma encruzilhada crítica para o seu futuro. A partilha de poder entre Mugabe e Tsvangirai, após as presidenciais de 2008 e o Acordo Político Global, sob mediação da África do Sul, de Fevereiro de 2009, evidencia a permanência de riscos para a estabilidade de um país que reúne condições para ser dos mais desenvolvidos do continente, mas a viver hoje em extrema penúria.
O partido de Mugabe, e os sectores militares que lhe são próximos, detêm ainda as alavancas de poder para, a qualquer momento, bloquearem as necessárias reformas políticas. Algumas indicações deixam antever uma possível alteração da conjuntura. Prevê-se que Tsvangirai, na passagem por Bruxelas, exija o fim das sanções com o duplo argumento de que este fim é necessário para a sua credibilidade como governante e para acelerar a recuperação da economia e a transição política. Afinal, foi o combate do MDC e as pressões regionais a forçarem a actual partilha imperfeita do poder.
Se Tsvangirai voltar para Harare com apoios e acordos estará a demonstrar que o futuro do Zimbabwe passa mais por ele do que por Mugabe. E o Zimbabwe precisa do futuro 30 anos após a independência.
DN
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