"No voo, tudo calmo. Havia pessoas com máscara, mas nós não. Não nos deram. Perguntámos se era necessário, disseram-nos que não havia problema".
Teresa Velada chegou ontem da Riviera Maia, México, onde passou os últimos oito dias com o marido. A despreocupação e a calma estampados nos rosto bronzeado.
Do vírus agressivo H1N1 - que alarmou as autoridades internacionais - pouco ouviu falar. Nem se tinha apercebido de que o destino turístico que escolhera é o foco infeccioso. "Lá na recepção do hotel disseram-nos que havia este problema, mas não fizeram grande alarido. No aeroporto, sim, fomos observados. Tiraram-nos a febre. Mas tudo normal".
A tranquilidade dos viajantes continua a contrastar com a prontidão das autoridades sanitárias. E não foi excepção ontem à chegada a Lisboa de mais dois voos procedentes do México.
No aeroporto da Portela, a meio da manhã, uma equipa de sanidade aguardava o primeiro desses voos para iniciar o processo de instrução. Três delegadas de saúde entraram na cabine antes do desembarque e fizeram recomendações. Entre as quais, ficar de quarentena durante pelo menos 10 dias. "Disseram-nos para não contactarmos com crianças nem idosos nos próximos dias e, se tivéssemos os sintomas - febre, dores musculares -, que ligássemos para a linha de Saúde 24" (808 24 24 24), contou Teresa Velada.
Opção que foi imediatamente acolhida pelos passageiros, como vários contaram . "Não tenho sintomas, mas vou ter precauções", declarou Teresa, acrescentando que irá gozar a próxima semana de férias no Algarve, "longe de familiares e amigos".
"Tenho uma empresa, mas não vou, durante os próximos dias, visita-la. Vou trabalhar por computador, porque também tenho que respeitar as pessoas que trabalham comigo", disse, por sua vez, Luís Pereira, também regressado da Riviera Maia. Mas não só vai ficar longe dos empregados. Luís vai ficar longe do filho de um ano. "Vou para um hotel para evitar o contágio com o meu filho. É uma questão de bom senso".
Em declarações aos jornalistas, a delegada de Saúde Maria João Martins destacou não haver na legislação nacional a figura da "quarentena involuntária", pelo que a decisão de ficar em casa só depende em última análise "do bom senso" das pessoas.
"É fundamental a identificação de casos e a contenção da doença", realçou. Uma folha de identificação dos passageiros foi distribuída a cada um para preenchimento voluntário, de modo a facilitar a sua identificação.
Mas, caso seja necessário, as autoridades poderão identificar todas as pessoas que estiveram em contacto com quem venha a ser diagnosticado com a doença, através das listas de passageiros das companhias aéreas.
Seja como for, está por enquanto afastada a quarentena compulsiva, segundo informou a DGS.
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