Milhares de jovens estão a aderir em força ao Exército, uma movimentação associada à crise económica. Só no primeiro trimestre, o número de candidatos foi quase metade do registado em todo o ano passado.
A informação quanto ao nível de crescimento e a tendência foi confirmada pelo Estado-Maior do Exército. "Sim, é verdade, estamos numa fase de franco crescimento a nível de candidatos para a classe de praças", apontou uma fonte oficial do ramo terrestre das Forças Armadas. Com efeito, se a nível de oficiais e sargentos nunca houve dificuldade em conseguir voluntários, já a nível de praças as dificuldades têm sido grandes, uma tendência que agora parece ter-se alterado.
Segundo os dados oficiais cedidos pelo Estado-Maior do Exército, no ano passado o número de candidatos foi de 6681 jovens, enquanto de Janeiro a Março deste ano, o número de candidatos já atingiu os 3037. Mas a diferença de crescimento não se limita às candidaturas, porque a nível de incorporados nas fileiras entraram, ao longo do último ano, 1461 jovens, enquanto nos primeiros três meses de 2009 esse número já vai nos 1017.
E o Estado-Maior do Exército salienta que nunca houve tantas candidaturas nem incorporações num espaço de tempo tão curto, desde que em 2000 terminou o serviço militar obrigatório, substituído pelos regimes de voluntariado e de contrato.
Fontes militares contactadas salientam que esta movimentação de jovens para as fileiras está directamente associada à crise económica e falta ou precariedade de emprego que atinge também os jovens. O Estado-Maior do Exército salienta que não há estudos disponíveis que expliquem esta vaga de adesões, mas admite que a crise "possa estar associada. É natural que os jovens vejam o Exército como factor de estabilidade a nível de salário, além das regalias e incentivos que actualmente são oferecidos, em particular na assistência de saúde, formação profissional e facilidade em estudar".
No entanto, a mesma fonte oficial salienta que a abordagem do Exército à questão do voluntariado foi muito alterada no ano passado e os reflexos poderão estar agora a ser sentidos. Por exemplo, nos anos anteriores havia apenas duas a três incorporações por ano, verificando-se "uma distância de tempo muito grande entre o processo de candidatura, em que o jovem manifestava a intenção de querer entrar no Exército, e a incorporação" - ou entrada no quartel de o vestir da farda. "Nesse intervalo de tempo havia muitas desistências, agora, pelo contrário, o candidato só tem que esperar entre um mês e mês e meio até ser incorporado", foi-nos adiantado.
Por outro lado, "tem sido feito um grande esforço junto dos centros de emprego e formação profissional, de divulgação junto dos jovens, para serem conhecidas as vantagens que podem ter ao ingressar no Exército", e embora os dados sejam "muito animadores" o esforço para chamar mais jovens às fileiras vai continuar. "Temos ainda 1800 vagas".
A massa de jovens candidatos a praças vem maioritariamente do Norte e Centro do país, mais de 70%, em particular das zonas de Braga, Vila Real, Chaves e Viseu e a prioridade de colocação é na componente operacional, ou seja nas unidades e quartéis que dão corpo à capacidade de intervenção no país e no estrangeiro.
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