Próximos dias serão decisivos para OMS avaliar o risco de propagação e agressividade do vírus.
A rapidez de propagação da nova gripe e o grau de gravidade dos casos registados na Europa serão o termómetro que a Organização Mundial de Saúde(OMS) vai usar nos próximos dias para aferir o eventual decreto de pandemia.
A instalação de mais casos no continente europeu nos próximos dias é elemento que a OMS tomará em conta como decisivo para, eventualmente, passar à fase seis do grau de alerta mundial perante uma doença transmissível. A afirmação foi ontem feita pelo director da rede mundial de alerta e acção face a epidemias. Michael Ryan, falava aos jornalistas na sede da OMS, em Genebra, e admitiu que "não se sabe ainda até que ponto a pandemia pode ser grave ou benigna". E, para essa avaliação, o que se passar na Europa será um indicador precioso. Até porque o número de casos fora da região da América do Norte ainda não é considerado expressivo. De qualquer modo, o mesmo especialista não retira a "iminência de uma pandemia", porque "a doença se está a espalhar".
O A(H1N1) vai, em cada 24 horas somando infectados ou, por enquanto, suspeitos de terem sofrido contágio. Isto, tanto em termos globais, como na Europa. Mesmo os números da OMS, só divulgados depois de muita aferição e sempre mais baixos que os citados pelas agências noticiosas internacionais a partir do terreno, saltaram quase para o dobro na noite de sexta-feira para sábado. A contagem de casos vai também aumentando por parte do Centro Europeu de Controlo de Doenças. Provisórios e cautelosos, os números da OMS indicavam ontem ao começo da noite 658 casos confirmados em 16 países. Mortes, as 16 desencadeadas pelo surto inicial no México e a de uma criança nos EUA, com dois anos.
A origem do vírus A(H1N1) poderá ter estado nos EUA, admitiu ontem um perito norte-americano, responsável pelo controlo de doenças. Scott Bryan não exclui que tenha havido contaminações anteriores aos casos mexicanos. Há registo de pelo menos um, numa outra criança, de dez anos, no Estado da Califórnia, ainda que junto à fronteira com o México, em finais de Março. Se assim ocorreu, muitos outros americanos tomaram contacto com o vírus e recuperaram, sem que soubessem estar com uma gripe não sazonal. Este seria um bom indicador da benignidade do vírus. Além disto, no México estabilizaram os casos de casos suspeitos e doentes confirmados, o que o Governo daquele país não se cansa de sublinhar ao mundo.
No Oriente, onde a Coreia do Sul já registou um doente,as autoridades sanitárias não querem dar espaço às expectativas mais optimistas e reagiram fortemente quando um primeiro caso, de um mexicano em viagem,surgiu em Hong Kong. Cerca de 200 relutantes turistas e cem trabalhadores do hotel em que o doente tinha estado ficaram sujeitos a quarentena, não podendo sair do hotel. Os mais recalcitrantes perante tais medidas tiveram a escolha de passar os próximos dias em instalações parecidas com uma estância balnear. Mas sem movimentação para o exterior. As autoridades chinesas puseram em acção todos os mecanismos que desenvolveram quando das ameaças de expansão da síndroma respiratória aguda, em 2003) e da gripe aviária (2005).
A quarentena tem sido praticada por doentes com pouca gravidade e em casos apenas suspeitos. Tal é a situação em Espanha e no Reino Unido, onde núcleos familiares são aconselhados a ficar em casa, aí recebendo assistência e a entrega de alimentos. Só as comunicações por internet ou telefone (ou à distância, através dos vidros) são tidas como seguras. Um paciente inglês ficou contagiado durante uma breve reunião com um colega de escritório. Este regressara do México e ainda não evidenciava sinais da doença.
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