Situação começou em Outubro do ano passado...

A Polícia Judiciária de Coimbra deteve, quinta-feira, um homem suspeito da prática do crime continuado de abuso sexual de crianças. A vítima foi uma sobrinha, com 10 anos.


O caso verificou-se em Carregal do Sal, alegadamente resultando da conjugação de um conjunto de factores. O tio, de 38 anos, pintor da construção civil, actualmente em situação de desemprego, teria, exactamente pelo facto de estar sem trabalho, bastante tempo e disponibilidade, o que acabou por lhe permitir uma proximidade crescente com a menina, então com 10 anos. Com efeito, coube-lhe a ele a tarefa de assiduamente ir buscar a sobrinha à escola, ficando com ela até que os pais chegassem.


Este facto, concertado com a ausência da mulher do pintor da construção civil, deu ainda espaço, de acordo com fonte ligada à investigação, da responsabilidade da Directoria do Centro da Polícia Judiciária, a que tio e sobrinha ficassem bastante tempo juntos. Uma proximidade que se foi estreitando, sendo "notória a empatia entre ambos". Daí a "tudo o resto" foi um "pequeno passo". O tio, adianta a mesma fonte, empenhou-se em "seduzir a menina" e esta acabou por se "apaixonar pelo tio".


O relacionamento entre tio e sobrinha acabou por culminar com a prática de relações sexuais consumadas, que terá começado em Outubro do ano passado, altura em que a menina ainda tinha 10 anos, e ter-se-á mantido, com um carácter sistemático, até há cerca de um mês. Isto porque a relação de cumplicidade e afectiva entre ambos tornou-se tão "visível", que um familiar, desconfiando que o pior estava a acontecer, acabou por denunciar o facto, desencadeando a intervenção das autoridades. Quanto aos pais, apesar da "evidência da situação", terão agido de forma crédula relativamente ao tio da menina, tendo como certa a "impossibilidade de existir" algo de mais próximo e físico entre ambos.


O alerta para a situação desencadeou a intervenção célere da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Carregal do Sal e conduziu à institucionalização da criança, o que aconteceu há pouco mais de um mês.


Todavia, o afastamento que o facto de a menina ter sido colocada numa instituição ditou, não "arrefeceu" os ânimos do tio que, segundo apurámos, terá procurado, das mais variadas formas, exercer pressão no sentido de se aproximar da criança.


As autoridades não excluem, de resto, a possibilidade de um cenário de rapto e subsequente fuga, alegadamente ponderado pelo homem.


A PJ começou a investigar o caso há cerca de 15 dias e, após a reunião dos necessários elementos de prova, procedeu à detenção do suspeito, que não tem antecedentes criminais, na passada quinta.


Foi presente a Tribunal, para primeiro interrogatório e encontra-se, por ordem do juiz, em prisão preventiva.