«Honrado e profundamente surpreendido», mas com vontade de continuar a unir o mundo em torno de objectivos comuns que possam resolver os principais desafios do século. Barack Obama falou pela primeira vez depois do anúncio da atribuição do Nobel da Paz .
Garante que não era esta a forma como esperava acordar hoje, mas rapidamente voltou à realidade, depois da filha Malia lhe ter lembrado que o pai tinha recebido a notícia no dia em que Bo, o cão de água português que os Obama adoptaram, comemora o primeiro aniversário. Sasha, a outra filha, aproveitou o momento para reclamar mais atenção: «Temos um fim-de-semana prolongado à porta». «É bom ter filhos para manter as coisas numa certa perspectiva», desabafou Barack.
«Não vejo como reconhecimento das minhas conquistas, mas como uma afirmação da liderança americana em nome das aspirações de ajudar as pessoas e todas as nações. Para ser sincero, não sinto que mereça estar na companhia de figuras tão transformadoras que foram honradas com este prémio. Homens e mulheres que me inspiraram e que inspiraram todo o mundo devido às suas causas», frisou.
«Sei que, durante a história, o Prémio Nobel da Paz, não foi usado para honrar apenas conquistas específicas, mas também como forma de incentivar algumas causas. É por isso que irei aceitar este prémio como um apelo à acção, um apelo a todas as nações para confrontar os desafios comuns do séc. XXI. Estes desafios não podem ser cumpridos por um só líder ou nação e é por isso que a minha administração tem feito um esforço para estabelecer uma nova era de compromisso em que todas as nações têm de assumir a responsabilidade de um mundo que procuramos», alerta.
Novas formas de usar a energia
Obama define problemas concretos: «Não podemos tolerar um mundo em que as armas nucleares alastram a mais nações, em que o terror de um holocausto nuclear possa colocar em perigo mais pessoas. É por isso que começamos a tomar medidas concretas para perseguir um mundo sem armas nucleares. Todas as nações têm o direito de ter energia nuclear limpa, mas as nações têm a responsabilidade de demonstrar as suas intenções pacíficas».
A questão ambiental não foi, por isso, esquecida. «Não podemos aceitar a ameaça crescente das mudanças climáticas, que poderão prejudicar para sempre o mundo que passaremos para os nossos filhos. Semeando conflito, fome, ameaçando as costas e esvaziando cidades. É por isso que todas as nações têm de partilhar responsabilidades para transformar a forma como usam a energia.
Obama também acredita num futuro de maior tolerância, citando o caso de Israel e Palestina, onde é necessário encontrar soluções concretas para uma vida em paz.
Mas, a realidade é bem dura e o líder americano sabe que tem uma responsabilidade acrescida. «Sou o Comander in chief de um país que é responsável por acabar uma guerra e trabalhar num outro campo ante um adversário que directamente ameaça o nosso povo e os nossos aliados. Também estou ciente de que o mundo ainda enfrenta o impacto de uma crise económica global, que deixou milhões de americanos à procura de emprego. Estas são preocupações com que me confronto todos os dias em nome do povo americano».
O trabalho tem de ser partilhado, porque será impossível acabar com as armas nucleares durante a sua Presidência, durante a sua vida. «Sei que estes desafios podem ser cumpridos , desde que sejam reconhecíveis como desafios que não têm de ser cumpridos por uma pessoa ou uma nação sozinhos. Esta guerra não está dependente dos esforços da minha administração, mas dos esforços corajosos de pessoas em todo o mundo».
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