“Eram 9h00 da manhã quando, depois de ter da missa de corpo presente, se verificou, no cemitério, que não havia ninguém para baixar o caixão à terra”, revelou ontem ao Diário de Viseu Luís Silva, sobrinho da idosa que ia a sepultar. Soube mais tarde, pela população, que “o coveiro estaria noutro funeral, que ocorreu mais ou menos à mesma hora”.
Perante tal situação, Luís Silva conta que os presentes que acompanhavam o féretro decidiram fazer o enterro. “Começámos a olhar uns para os outros e acabámos por baixar o caixão à cova, que já se encontrava aberta, mas onde ainda se podiam ver os restos mortais de alguém que lá tinha estado enterrado”, especifica.
Cumprida a primeira parte do trabalho, havia que executar a segunda, que era fechar a cova. “Como não fazia sentido deixar tudo aberto, pegámos em pás e enxadas e começámos a deitar terra sobre o caixão”, salientou Luís Silva.
Indignado, referiu que “as pessoas devem ser dignificadas, mesmo na morte, independentemente de serem ricas ou pobres”. E atirou: “A minha tia sofreu muito durante a sua vida, sofrimento esse que se estendeu, infelizmente, até na morte!”
No seu entender, toda “a situação se resume a uma grande falta de consideração e de respeito por quem deixou este mundo”. Luís Silva espera que “isso nunca mais volte a acontecer, porque ninguém merece tamanha desfaçatez”.
O Diário de Viseu tentou obter uma explicação do presidente da Junta de Freguesia de Santos vos, Fernando Rodrigues, mas tal revelou-se impossível até ao fecho desta edição. Todavia, o autarca afirmou, ontem, ao Diário de Notícias, que esta situação se deveu à falta de comparência do coveiro, funcionária da Junta, e que, por isso, será alvo de um processo disciplinar.
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