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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

VISEU - Funicular, uma historia de sucesso...

O dia 26 de Setembro de 2009 ficou marcado na história de Viseu por ser o dia em que o funicular entrou em funcionamento. Mais de 100 dias depois, o novo transporte ecológico da cidade já acolheu
mais de 30 mil e poderá ser gratuito durante vários anos

"O balanço que faço é altamente positivo, superou as expectativas e só posso estar satisfeito", afirmou ontem o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas. Em declarações ao Diário de Viseu, o autarca mostrou-se contente com a afluência de passageiros e garantiu que está a ponderar manter o serviço gratuito, mais tempo do que o estipulado inicialmente (um ano).


Criticado por alguns e elogiado por outros, o funicular fez a sua primeira viagem no dia 26 de Setembro do ano passado, altura em que muitos viseenses aproveitaram para conhecer o novo meio de transporte da cidade, gratuito e não poluente.
Passados mais de 100 dias, a divergência de respostas parece não ser tão grande e já há quem diga que o funicular "foi a coisinha melhor que poderiam ter feito". De acordo com os dados da Câmara, em finais de Dezembro já tinham passado pelo funicular mais de 30 mil pessoas. É o caso de Maria José Nogueira, que vive junto à Feira de São Mateus, uma das paragens do funicular, e aproveita este transporte para chegar à Sé. 


"Passo o dia para baixo e para cima, dá-me muito jeito, para mim foi como o pão para a boca", confessou, afirmando que, por razões profissionais, teve de vender a casa no centro histórico e comprar uma onde está agora. "Ainda não me mudei definitivamente, mas se o funicular tivesse vindo para cá há mais tempo, não tinha vendido a minha casa", garantiu.
Com este "mini-autocarro", Maria Nogueira poupa, semanalmente, 20 euros: "Quando queria ir à zona histórica ou fazer compras tinha de levar o carro e muitas vezes tinha de ir estacionar ao Fontelo, agora não gasto nada e encostei o carro".
Deu ainda o exemplo de pessoas que estacionam o carro no recinto da Feira de São Mateus e que vão para os seus trabalhos no funicular. Também o presidente da Associação Comercial do Distrito de Viseu (ACDV) destacou o facto de este estacionamento estar sempre lotado.
"É uma constatação que aquela zona de estacionamento que foi criada na Feira de São Mateus tem muitos automóveis e as pessoas aproveitam o funicular. Se vêm para o meio da cidade não sei, mas passam pelo centro histórico e aí acho que valeu a pena", sustentou Gualter Mirandez.

Restauração
com sinais positivos
Os empresários da restauração são os que mais têm notado melhorias, principalmente ao fim-de-semana, pois, segundo o presidente da ACDV, já se vêem pessoas na parte antiga da cidade, o que, se calhar, não aconteceria se não fosse o funicular. "Foi uma medida acertada e o objectivo está cumprido. Por isso, estamos a começar bem a revitalização do centro histórico", defendeu.


De acordo com Fernando Ruas, o funicular "ainda não está aproveitado na sua máxima força", há mais projectos que querem implementar, como por exemplo com crianças, "levá-las ao centro histórico quando o tempo estiver melhor".
Sem querer referir quanto é que a Câmara poderá estar a perder por não cobrar bilhetes, Fernando Ruas elogiou o funicular, ressalvando o facto de não se tratar apenas de "um meio para dar resposta ao transporte, mas é também um ex-líbris da cidade". "Quando o Pólis começou, houve seis cidades que queriam o funicular e, se estivesse espalhado noutros sítios já não tinha interesse", explicou. 


Por outro lado, Alexandre Azevedo Pinto, membro do Movimento de Cidadãos pelo Centro Histórico, considera que o funicular foi um investimento "muito elevado". Na sua opinião, impõe-se saber se esse investimento tem retorno, e disso tem "algumas dúvidas".
"Entendido para o futuro, acho que merece ser acarinhado e tentar ser utilizado o melhor possível". Assim, "pode ser um instrumento de revitalização importante, mas articulado com outros", ou seja, "tem de haver um plano de intervenção que envolva a Câmara, os comerciantes, os moradores e todos os que contribuem para a zona histórica da cidade", argumentou Alexandre Pinto.


Apesar de reconhecer que "ainda há um longo caminho a percorrer", acredita que "tudo o que seja para trazer vida ao centro histórico não medidas importantes".
O funicular começa a sua rotina diária às 8h30, todos os dias, com intervalos de 15 minutos e de meia hora. O dia termina às 19h30 quando as luzes se apagam e as pessoas se despedem deste pequeno comboio, que as leva da Sé à Feira de São Mateus em pouco mais de cinco minutos. 

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